CNU reafirma sua legitimidade como único representante dos urbanitários no país
Manifestação das Federações ligadas à Confederação foi feita durante a Plenária Anual da entidade, realizada nos últimos dias 28 e 29, em Campinas
Escrito por Débora Piloni e Nice Bulhões 29 de agosto de 2025
Dirigentes das Federações Urbanitárias filiadas à Confederação Nacional dos Urbanitários (CNU) reafirmaram ter todas as condições para ocupar os espaços em defesa dos interesses dos trabalhadores dos setores de energia, gás, saneamento e meio ambiente, ratificando a legitimidade da CNU de ser a entidade nacional de representação dos urbanitários no Brasil. Essa confirmação por parte de quatro federações regionais aconteceu durante a Plenária Anual da CNU, ocorrida nesta quinta (28) e sexta-feira (29), no Grêmio Recreativo e Esportivo da Sanasa (Grenasa), em Campinas. O evento contou com a participação do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu.
Com o slogan “Unidade se constrói, soberania se defende!!!”, os dirigentes dos sindicatos do ramo urbanitário de todo o Brasil, organizados através de suas federações regionais – Federação Regional dos Urbanitários do Nordeste (Frune), Federação Regional dos Urbanitários do Centro-Norte (Furcen), Federação Regional dos Urbanitários do Sudeste (Fruse) e Federação Regional dos Urbanitários do Sul (Fesul) – se reuniram para discutir as ações e definir as estratégias de luta do movimento dos(as) trabalhadores(as) urbanitários(as) para o próximo período.
“Os trabalhadores urbanitários de todo o país reafirmaram a representação única dos urbanitários”, disse o presidente da CNU, Paulo de Tarso. “Foi decidida a participação intensa de todas as federações regionais nos seus estados e, conjuntamente, interferir no campo institucional para defender os interesses dos urbanitários.” Delegações das federações apresentaram propostas para fortalecer as lutas da CNU, que teve seu registro sindical concedido pelo Ministério do Trabalho e Emprego em 20 de maio de 2024, consolidando legalmente a entidade como o grau maior do ramo urbanitário.
Abertura e celebrações

A mesa de abertura contou com a presença de Paulo de Tarso, Raimundo Lucena (Frune), Esteliano Neto (Fruse), Cecy Gonçalves (Fesul) e Tânia Lorenzzi (Furcen). Esteliano lembrou os 42 anos da Central Única dos Trabalhadores (CUT), celebrados no dia 28, ressaltando sua importância histórica para a classe trabalhadora.
Mesas de debate e reflexões
O encontro incluiu duas mesas temáticas no dia 28 pela manhã. A primeira, “Conjuntura e os desafios da Classe Trabalhadora”, teve a exposição de Ariovaldo Camargo, secretário de Administração e Finanças da CUT Brasil.

Ele destacou a necessidade de atualização do movimento sindical diante das transformações tecnológicas e da disputa política travada nas redes digitais. Defendeu a unidade de classe, a valorização da contribuição negocial e a adesão voluntária dos trabalhadores como caminhos para fortalecer a representatividade. Ariovaldo concluiu ressaltando que, com unidade de classe e soberania, será possível enfrentar os desafios do presente e construir um sindicalismo forte para o futuro. Será possível influir nos rumos do país.

Reflexão histórica e desafios do presente: a segunda mesa, “Cenários do Brasil e perspectivas para os/as trabalhadores/as”, contou com José Dirceu, ex-ministro-chefe da Casa Civil. Ele lembrou que o processo de redemocratização, consolidado na Constituinte de 1988, começou ainda em 1974, no final da ditadura, e ressaltou que a classe trabalhadora brasileira é relativamente jovem em termos de organização política. Para ele, criar consciência e fortalecer a independência de pensamento da classe trabalhadora continua sendo um dos grandes desafios.
O ex-ministro analisou as transformações mundiais recentes, destacando o avanço do conservadorismo e até do fascismo, além da disputa geopolítica marcada pela ascensão da China como potência e pela hegemonia dos Estados Unidos, sustentada pelo dólar. Nessa disputa, afirmou, o Brasil precisa afirmar sua soberania. Também abordou a questão tributária, lembrando que a luta pelos impostos é, na prática, uma disputa pela riqueza do país, ainda concentrada nas mãos de poucos.
Avanços: ao avaliar a conjuntura nacional, Dirceu destacou que, nos últimos dois anos, o país conseguiu evitar uma ruptura autoritária, reorganizar a democracia e alcançar crescimento econômico com geração de emprego, renda e baixa inflação. Ressaltou, porém, que o governo enfrenta limitações orçamentárias e um ambiente marcado por reformas e políticas passadas — como a da Previdência, a Trabalhista, Terceirização e as privatizações — que dificultam avanços estruturais.
Desafios: segundo ele, o governo Lula tem feito o máximo possível dentro das condições atuais, mas os desafios permanecem, sobretudo porque não se consolida nada sem base social sólida. Nesse sentido, Dirceu apontou que a disputa política seguirá intensa, tendo como horizonte imediato as eleições de 2026, que serão decisivas para os rumos do país.
Homenagem

O momento mais emocionante da Plenária aconteceu durante a homenagem ao economista e ex-vereador de São José do Calçado, Edson Wilson Bernardes França, conhecido como Edinho do Sinergia do Espírito Santo. Edinho faleceu em 13 de julho deste ano, aos 55 anos.
O irmão de Edinho, Elianderson Bernardes França, recebeu do presidente da CNU, Paulo de Tarso, um quadro com a caricatura de Edinho, feita pelo chargista Bira Dantas, do Sinergia CUT. Os urbanitários presentes entoaram em som uníssono: “Edinho, presente!“. Um vídeo também foi veiculado com a música Canção da América, de Milton Nascimento.
Comunicação em disputa: desafios diante da ofensiva da ultradireita

O debate do segundo dia da Plenária da CNU nesta sexta-feira (29), foi marcado pela mesa de discussão “A Comunicação na disputa pela democracia e soberania”, conduzida pelo jornalista Otávio Antunes, da Agência Urissanê.
Antunes destacou que a comunicação tem sido um dos principais campos de batalha política no Brasil e no mundo, ressaltando o contraste entre as estratégias da direita e da esquerda. Segundo ele, a ultradireita consolidou uma ofensiva baseada na criação de inimigos sociais, como sindicatos e imigrantes para demonstrar a insatisfação popular.
Já a esquerda têm buscado construir narrativas a partir da sensibilidade e da defesa de direitos concretos, como programas sociais (exemplo: Minha Casa Minha Vida) e políticas de combate à fome, além da atuação sindical para manter salários e proteger empregos.
Antunes ressaltou ainda que, ao contrário do que tem sido repetido há anos, a ideia de que “a esquerda não sabe se comunicar” é uma “grande mentira”. O que ocorre, segundo ele, é que nos últimos anos houve uma mudança estrutural na comunicação social. “Essa mudança é tão profunda que só poderá ser plenamente compreendida em questão de 40 a 50 anos”, afirmou.
Entre os desafios apontados, o jornalista enfatizou a necessidade de investir em novas formas de comunicação capazes de atrair e reter a atenção do público. Ele alertou que o processo exige criatividade, experimentação e coragem para enfrentar um ambiente marcado pela disputa de narrativas.
“É preciso chamar e manter a atenção das pessoas, porque essa é a chave da disputa política hoje”, resumiu Antunes.
Plenária da CUT e moções
Na sequência, a programação avançou para a mesa sobre a 17ª Plenária Nacional da CUT: João Batista Gomes (Joãozinho) – Novos Tempos, Novos Desafios.
Os pontos colocados em debate foram as propostas da CNU ao Texto Base, a definição de cinco delegados e delegadas da CNU para a plenária da CUT e a construção do plano de lutas.

Os delegados e delegadas da Plenária da CNU aprovaram, por unanimidade, todas as moções apresentadas.
Fim da plenária

E, por fim, para encerrar a Plenária, os presidentes das entidades e federações levantaram cartazes com as bandeiras da luta do ramo urbanitário nacional, em um momento marcado pela emoção e pela força, um gesto definidor da unidade e da luta coletiva nacional!
Porque “Unidade se constrói, soberania se defende!!!”
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