Luta urbanitária

2º Congresso da Fruse elege nova direção

Encontro em Campinas reuniu 134 delegados, homens e mulheres urbanitários do Sudeste em debates sobre conjuntura, comunicação sindical e desafios da classe trabalhadora, encerrando com a reeleição de Esteliano Neto na presidência da Federação.

Escrito por Débora Piloni e Lílian Parise, da Redação do Sinergia CUT 28 de agosto de 2025
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Autor da foto: Sinergia CUT

O Sinergia CUT participou ontem (27) do 2º Congresso da Fruse (Federação Interestadual dos Urbanitários do Sudeste), realizado na Grenasa (Grêmio Recreativo e Esportivo da Sanasa), em Campinas/SP.

O encontro reuniu dirigentes sindicais e trabalhadores do setor urbanitário, representando os quatro segmentos — meio ambiente, saneamento, energia e gás — para debater os rumos da organização sindical e os desafios da classe trabalhadora na atualidade.

A programação teve início logo cedo com o credenciamento de delegados e convidados. Em seguida, importantes dirigentes sindicais fizeram uso da palavra: Raimundo Lucena (Frune), Cecy Gonçalves (Fesul), Élvio Vargas (representando a Furcen), Raimundo Suzart (CUT-SP), Paulo de Tarso (CNU) e, por fim, Esteliano Neto (presidente da Fruse), que declarou oficialmente abertos os trabalhos do dia.

Debates e mesas temáticas

Os debates começaram com o painel “Desafios e tarefas da classe trabalhadora”, apresentado por Renato Zulato, Secretário Geral da CUT Nacional. Zulato destacou que a experiência de construção da unidade sindical já é um resultado concreto, fruto da articulação da Fruse e da CNU. Ressaltou que a tarefa da CUT é manter atenção constante à conjuntura nacional, lembrando que o Congresso Nacional tem sido um entrave e que o chamado tarifaço impõe grandes desafios à classe trabalhadora.

Ele também falou sobre a importância da habilidade da direção em adotar iniciativas que têm fortalecido a organização sindical, mesmo diante do cenário adverso. Para ele, a CUT enfrenta ainda o desafio da baixa taxa de sindicalização e da necessidade de articulação no Fórum das Centrais Sindicais. Concluiu apontando que o grande desafio político à frente são as eleições de 2026, que devem ser encaradas como parte essencial do projeto de reconstrução do Brasil.

Na sequência, ocorreu a mesa de conjuntura com o professor Dr. José Dari Krein (Cesit/Unicamp), que apresentou uma análise aprofundada sobre os desafios do cenário político, econômico e sindical no Brasil e no mundo. Krein avaliou que o mundo atravessa uma verdadeira “crise orgânica”, marcada pela sobreposição de crises geopolítica, ambiental, de valores e de representação social. Destacou ainda a desorganização da ordem econômica mundial e citou o caso dos Estados Unidos tentando recuperar o poder econômico perdido nos últimos anos — movimento que gera instabilidade e impacta diretamente instituições internacionais como a OIT e a ONU, que vêm enfrentando dificuldades para cumprir seus papéis.

O professor alertou para a gravidade da crise ambiental, afirmando que “o planeta não aguenta mais a forma atual de produção, e para a crise de valores, em que solidariedade, justiça e bem comum são substituídos por interesses imediatistas.

No campo econômico, chamou a atenção para os efeitos da taxa de juros elevada, que impacta as contas públicas e reduz investimentos. Já no mercado de trabalho, apontou a continuidade da precarização e da terceirização, observando que muitos jovens resistem ao regime da CLT não por rejeitarem direitos, mas porque as atuais condições de trabalho assalariado são desanimadoras — com jornadas extensas e baixos salários.

Diante desse quadro, destacou que o grande desafio é “reconquistar os corações e mentes da classe trabalhadora”. Para isso, sugeriu três caminhos:

  1. Levantar bandeiras objetivas que melhorem concretamente a vida das pessoas;
  2. Realizar trabalho de base permanente, ouvindo e dialogando com os trabalhadores;
  3. Utilizar de forma eficiente as redes sociais para dialogar com a sociedade.

Krein concluiu reforçando o papel estratégico dos urbanitários: “O setor de vocês é fundamental — energia, água, meio ambiente e gás. É a partir dessas bandeiras que podemos reverter a correlação de forças e convencer a sociedade. Essa é a chave para virar o jogo.”

A última mesa da manhã foi “Comunicação e visibilidade sindical junto aos trabalhadores e sociedade”, com Amanda Monteiro, jornalista do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba/SP. Amanda ressaltou que a comunicação digital não substitui a luta política, mas constitui um grande desafio e, sobretudo, uma questão de sobrevivência para os sindicatos, pois garante visibilidade às lutas e atua como ferramenta estratégica de mobilização.

Em sua exposição, destacou a importância de comunicar para o trabalhador e com o trabalhador. Segundo ela, “comunicar com o trabalhador gera mais demanda para o sindicato, mas também atrai mais a categoria e fortalece a luta”.

Ao tratar da visibilidade sindical, Amanda observou que não se trata apenas de aparecer, mas sim de conquistar a narrativa, fortalecendo a imagem da entidade e ampliando sua capacidade de representar os interesses da classe trabalhadora.

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Prioridades na luta do presente e nos desafios do futuro

A tarde do 2º Congresso da Fruse começou com uma mesa para exposição dos treze pontos prioritários para o Funcionamento da Federação, com o objeto de organizar e avançar na luta dos urbanitários e urbanitárias da região Sudeste.

Todo o funcionamento interno necessário, inclusive com a criação de novas secretarias, para que a Federação atue com a organização necessária para envolver e trazer a categoria urbanitária dos sindicatos de SP, MG, ES e RJ para encarar a luta do presente e os desafios do futuro, com propostas para assumir um papel importante pela unidade da categoria em torno da CNU.

As propostas foram votadas e aprovadas por unanimidade do plenário, incluindo emendas como unificar as datas-base em nível nacional e já aprovar o Plano de Lutas que será proposto na Plenária da Confederação, que começa na quinta-feira (28).

Eleição e posse da nova direção

Em seguida, a Comissão Eleitoral assumiu o comando da mesa e informou que, em consenso e em nome da união e da unidade, a eleição contou com a inscrição de uma chapa única para assumir a direção da Fruse pelos próximos quatro anos.

Depois de apresentados os nomes dos 34 dirigentes da chapa, a votação aconteceu e a nova direção foi eleita por unanimidade. Esteliano Gomes Neto (Sinergia Campinas-SP) continua na presidência, tendo Elianderson França (Sinergia ES) como vice e Rafael Magalhães (Sinergia Gasista SP) como secretário geral.

No total são 21 dirigentes que assumem secretarias, sete suplentes da direção vindos dos quatro estados do Sudeste, junto com três titulares e três suplentes no Conselho Fiscal.

A posse aconteceu em seguida, com saudações de convidados e convidadas, eleitos e eleitas para a Fruse. Esteliano Neto, que assume novo mandato até 2029, agradeceu a confiança de todos e todas na recondução para a presidência, a participação guerreira de dirigentes da gestão anterior e de quem está chegando.

“É um imenso orgulho estar ao lado desse pessoal que tem princípios, ética e forte atuação nas bases. Porque não podemos nunca esquecer nossas origens. A CUT é pela base e é assim que vamos encontrar caminhos coletivos para enfrentar os desafios e manter a classe trabalhadora como protagonista de um Brasil soberano e democrático.  Precisamos encontrar caminhos, mas nunca sozinhos, sempre juntos e juntas”, disse o presidente reeleito da Fruse.

Carlos Alberto Alves, presidente do Sinergia CUT e secretário de Energia e Transição Energética da Federação, também agradeceu a oportunidade de fortalecer a luta. “Estamos do lado certo da história. Nós somos o ramo urbanitário do Brasil, nós somos a CNU”, afirmou.

Conheça a nova direção da Fruse

Unidos com a CNU e pelo Brasil Soberano!

Continuidade da programação

As atividades continuam nesta quinta (28) e sexta-feira (29), no mesmo local, onde acontece a Plenária da CNU (Confederação Nacional dos Urbanitários), reunindo lideranças de todo o país para fortalecer a unidade nacional da categoria e discutir estratégias de luta.

O Congresso e a Plenária reforçam a importância da organização coletiva e da comunicação sindical para ampliar a visibilidade das lutas sociais e trabalhistas. Fique ligado!

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