“Vamos à China com Lula para deixar claro que aqui tem sindicato”, afirma Sérgio Nobre
O presidente da CUT embarcou terça (11) para o país asiático na comitiva presidencial. “Os investimentos chineses são bem-vindos, mas as legislações trabalhistas e ambientais têm de ser respeitadas
Escrito por 12 de abril de 2023
O presidente nacional da CUT, Sérgio Nobre, integra a comitiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que embarcou nesta terça-feira (11) à China, para visita focada em investimentos e acordos bilaterais em diversas áreas. A comitiva é composta de sindicalistas, empresários, governadores, senadores, deputados e ministros. A China é o maior parceiro comercial do Brasil, com US$ 150,4 bilhões de comércio bilateral, somente em 2022, e ocupa o segundo lugar no ranking da economia mundial, conforme dados do FMI (Fundo Monetário Internacional).
Para Sérgio Nobre, “os investimentos chineses são muito bem-vindos, mas é preciso passar o recado aos chineses de que as legislações trabalhistas e ambientais brasileiras têm de ser respeitadas, com transferência de tecnologia”. “Vamos lá para deixar claro que aqui tem sindicato e que os investimentos devem gerar empregos de qualidade no Brasil”, afirma o presidente nacional da CUT.
Sérgio Nobre destacou que o fato de sindicalistas integrarem a comitiva presidencial é mais uma mostra do abismo que separa o governo democrático de Lula do governo de ultradireita que foi derrotado nas eleições de 2022, e de como a classe trabalhadora voltou ao Palácio do Planalto pela porta da frente.
“Lula é um estadista respeitado no mundo inteiro, que tem origem no movimento operário, na luta pela redemocratização do Brasil, sabe e reconhece a importância de o país ter sindicatos fortes para uma democracia também fortalecida”, disse Sérgio Nobre.
O presidente nacional da CUT destacou que, desde 2016, após o golpe – situação que piorou na desastrosa gestão de Jair Bolsonaro -, a classe trabalhadora vinha sendo ignorada e a organização sindical, sua representante legítima, perseguida e atacada pelo Palácio do Planalto. “Resistimos, lutamos e nossa maior vitória recente foi eleger Lula, a partir desta, muitas outras conquistas à classe trabalhadora já estão vindo, como a retomada da Política de Valorização do Salário Mínimo, reivindicação das centrais sindicais”, afirmou.
“É imperativo que investimentos internacionais resultem em geração de empregos de qualidade aqui no Brasil”
Com Lula, destaca Sérgio Nobre, o Brasil retomou o protagonismo mundial jogado no lixo pelo governo anterior, que afundou a imagem do país lá fora. Para o presidente nacional da CUT, romper o isolamento do Brasil no cenário internacional, criado nos últimos quatro anos, e resgatar relações bilaterais como está sendo feito com a Cina é muito importante à retomada do crescimento do país, porque aponta para novos investimentos.
“Porém, é imperativo que esses investimentos internacionais resultem em geração de empregos de qualidade aqui no Brasil, com transferência de tecnologia e de forma sustentável”, afirmou Sérgio Nobre. “Essa é a nossa missão na visita à China”, disse o presidente da CUT. O encontro com lideranças sindicais chineses está previsto para o dia 14.
A viagem à China estava marcada para 24 de março, mas foi transferida após Lula ser diagnosticado com broncopneumonia e influenza. Essa está sendo considerada uma das mais importantes visitas de Estado desse início de terceiro mandato de Lula, que seu reunirá com presidente chinês, Xi Jinping e o convidará a visitar o Brasil.
O objetivo do governo brasileiro é relançar as relações com a China, principal parceiro comercial do país desde 2009. Em 2022, segundo o Planalto, a China importou mais de US$ 89,7 bilhões em produtos brasileiros, especialmente soja e minérios, e exportou quase US$ 60,7 bilhões para o mercado nacional. O volume comercializado, US$ 150,4 bilhões, cresceu 21 vezes desde a primeira visita de Lula ao país, em 2004.
“Eu quero que os chineses compreendam que o investimento deles aqui será maravilhosamente bem-vindo. Mas não para comprar nossas empresas. [E sim] para construir coisas novas, que nós precisamos. O que estamos precisando não é vender os ativos que temos, é construir novos ativos. É disso que eu quero convencer os meus amigos da China”, afirmou Lula na semana passada em entrevista coletiva à imprensa.
Segundo informações do Ministério das Relações Exteriores, a expectativa é de que pelo menos 20 acordos sejam assinados em várias áreas, como educação, cultura, ciência e tecnologia, agricultura e finanças, até o final da visita, no dia 15 de abril. É a terceira vez que Lula visita a China.
Brasil e China integram os BRICS (acrônimo do bloco formado para cooperação política, econômica e financeira entre Brasil, Rússia, índia, China e África do Sul). Está prevista na viagem ao país asiático, a participação de Lula na posse da nova presidenta do Banco dos BRICS, a ex-presidenta Dilma Rousseff, que acontecerá na sede do banco, em Pequim.
Desde que tomou posse, o presidente Lula já foi à Argentina, ao Uruguai e aos Estados Unidos, além das reuniões com líderes europeus que vieram em janeiro.