Datafolha confirma: maioria dos brasileiros é a favor de empresas públicas
Empresas como Petrobras, Banco do Brasil e CEF, entre outras, devem continuar sendo públicas, mostra pesquisa. Antes mesmo do resultado do Datafolha, Lula retirou sete empresas da lista de privatizações
Escrito por 12 de abril de 2023A pesquisa Datafolha publicada neste domingo (9) mostra que o presidente Lula (PT) está certo em retirar empresas públicas da lista de privatizações que estava para ser analisada no Congresso Nacional. Embora a pesquisa não tenha especificamente a pergunta se o presidente está certo ou não neste quesito, o fato da maioria ser favorável às estatais mostra que o atual governo caminha ao lado do que quer a população brasileira.
Lula retirou sete empresas do Programa Nacional de Desestatização (PND) e três do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), na última quinta-feira (6). A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT); Empresa Brasil de Comunicação (EBC); Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência (Dataprev); Nuclebrás Equipamentos Pesados S.A. (Nuclep); Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro); Agência Brasileira Gestora de Fundos Garantidores e Garantias S.A. (ABGF); e o Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada S.A. (Ceitec) foram retiradas do PND.
Por diversas vezes, o PortalCUT mostrou que a privatização de algumas dessas estatais traria prejuízos ao país. Como no caso dos Correios, que ameaçaria até a entrega de livros didáticos feitos em áreas remotas; a Dataprev e o Serpro que poderiam expor os dados pessoais de todos os brasileiros para governos estrangeiros e Ceitec, única fábrica de chips do Brasil e da América Latina, num momento em que falta o produto em todo o mundo, inclusive, fazendo com que montadoras como a Volkswagem interrompesse a produção de veículos e os bancos públicos responsáveis por oferecer crédito com menores juros, entre outros serviços fundamentais. Confira nos links abaixo.
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Do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), as três empresas retiradas foram o Armazéns e imóveis de domínio da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab); a Empresa Brasileira de Administração de Petróleo e Gás Natural S.A. – Pré-Sal Petróleo S.A. (PPSA) e a Telecomunicações Brasileiras S.A. (Telebras).
Manutenção de BB, CEF e Petrobras como estatais têm o maior apoio
Segundo a pesquisa Datafolha 45% dos brasileiros rejeitam as privatizações e 38% são favoráveis. No caso dos Correios há um empate: 45% são favoráveis e 46%, contrários, mas o apoio à privatização é menor em empresas como a Petrobras (37% a favor, 53% contra; os demais são indiferentes ou não sabem) e bancos públicos, como Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal (36% a favor, 55% contra).
A vice-presidenta da CUT Nacional, Juvandia Moreira acredita que o apoio dos brasileiros aos bancos públicos reflete o bom serviços prestados por essas instituições financeiras.
“As pessoas veem a realidade ao seu redor. Basta olhar nos pequenos municípios, nos bairros periféricos que os bancos lá instalados são a Caixa, o Banco do Brasil. Os bancos privados visam apenas um lucro exorbitante e não o caráter social, por isso não se interessam em atender os pobres”, analisa Juvandia que também é presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro da CUT (Contraf-CUT).
“O banco público oferece crédito mais barato, o agricultor familiar toma empréstimos no Banco do Nordeste e no BB, o financiamento da casa própria é mais barato na Caixa Econômica Federal. Onde houve privatização, o serviço ficou mais caro e a população sabe disso.”
Já a Petrobras duramente atacada pela Operação Lava Jato, comandada pelo ex-juiz e atual senador Sergio Moro, e pelos planos de Jair Bolsonaro (PL) de vendê-la aos poucos, conseguiu se manter como estatal, graças à luta de seus trabalhadores e trabalhadoras que a defenderam desses ataques.
Para o coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, a população compreendeu a relação dos preços com a política adotada pelos governos de Michel Temer e Bolsonaro que encareceu os combustíveis e ainda que a Petrobras é uma empresa indutora do crescimento e de geração de empregos.
“Apesar desses ataques e da população ter pouco contato com a marca Petrobras após a venda da BR Distribuidora e da Liquigás, a população entendeu o papel da empresa na economia brasileira ”, diz
“Lula foi eleito defendendo a manutenção da Petrobras como empresa pública e este resultado das urnas tem de ser respeitado.”
– Deyvid Bacelar
Os ataques à manutenção dos Correios como estatal também foram um dos mais fortes. Começou com o sucateamento da empresa, com a não reposição de trabalhadores, prejudicando o atendimento à população para colocar em xeque a sua eficiência, ainda assim a estatal resistiu.
Segundo o secretário de comunicação da Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Eorreios e Telégrafos e Similares (Fentect) , Emerson Marinho, ainda assim os Correios são considerados em pesquisas como empresa segura e eficiente.
“A população reconhece o valor dos trabalhadores dos Correios e o presidente Lula deixou claro para os seus ministros que a empresa precisa de investimentos para voltar a ser a vitrine de eficiência que sempre foi.
Mesmo com todos os ataques políticos e o sucateamento provocados pelo governo Bolsonaro nosso trabalho ainda é reconhecido pela população como bom e eficiente, e temos certeza que irá melhorar ainda mais com a retomada dos investimentos”