Ópera de Astor Piazzolla retorna ao palco do Theatro Municipal de São Paulo
A líder da Associação de Mulheres Guerreiras de Campinas, Betânia Santos, abre “María de Buenos Aires”, que fica em cartaz até o próximo dia 29
Escrito por Nice Bulhões 22 de novembro de 2024O primeiro ato de “María de Buenos Aires”, ópera-tango do argentino Astor Piazzolla (1921-1992) que estreou nesta quinta-feira (21) no Theatro Municipal de São Paulo, começa com a líder da Associação de Mulheres Guerreiras de Campinas, Betânia Santos, se apresentando: “Sou Betânia Santos. Vim do Maranhão. Estou em Campinas. Sou mãe. Sou guerreira. Sou prostituta.”
Diferentemente da atuação em 2021, ano mais letal da pandemia de covid-19, Betânia não está usando máscara desta vez, não sai rapidamente do palco e contracena com o ator Rodrigo Lopez, que interpreta o duende/narrador. “Antes, eu só entregava a foto de María para o Rodrigo. Ficava distante e saía muito rápido por causa da covid-19”, conta Betânia.
“Agora, há um protagonismo muito grande. Estou interpretando. Sou uma intermediária da María, porque entrego uma foto dela para o duende (personagem de Rodrigo), que estará presente em todas as cenas do espetáculo, e há uma conversa entre os personagens”, explica a atriz-performer Betânia.
O espetáculo narra a trajetória de María, prostituta-cantora, “nascida em um dia em que deus estava bêbado e de mau humor”, que continua a vagar pelos arrabaldes de Buenos Aires mesmo depois de morta. Batizada de ópera-tango, ou “operita” como preferia o prestigiado músico argentino Piazzolla, é a única obra no gênero do celebrado bandoneonista e compositor de tangos.
A remontagem conta com a participação da Orquestra Sinfônica Municipal, do Coro Lírico Municipal e do Balé da Cidade de São Paulo. Com direção musical de Roberto Minczuk, regência do Coro Lírico Municipal de Érica Hindrikson, concepção e direção geral de Kiko Goifman e direção cênica de Ronaldo Zero, a peça fica em cartaz até o próximo dia 29.
Nesta remontagem, foi feita pela primeira vez uma transmissão da récita de estreia (21) para uma tela posicionada na lateral do Theatro, do lado da Rua Conselheiro Crispiniano. Desse modo, mesmo com os ingressos esgotados, as pessoas tiveram a oportunidade de assistir ao espetáculo. Caso chovesse, a transmissão seria transferida para outro dia, de acordo com o Theatro.
O diretor Goifman traz para a cena o cinema ao vivo, mesclando imagens e unindo diferentes linguagens artísticas à atmosfera portenha e brasileira. Kiko Goifman é diretor, roteirista, artista multimídia, web artista, produtor cultural e ator. Assina a direção de diversos trabalhos em vídeo, entre ficções, documentários, videoclipes e programas de TV.
A obra teve sua estreia em 1968, com libreto do escritor uruguaio Horacio Ferrer (1933-2014). Numa complexa e onírica mistura entre música e poesia, a ópera narra a trajetória de vida de Maria, uma prostituta do subúrbio de Buenos Aires. Piazzolla cria uma obra que mescla múltiplos estilos musicais, do tango ao jazz, para levar o público por essa jornada pela noite da capital argentina.
Serviço: ““María de Buenos Aires”
📆 Dias: 21, 22, 23, 24/11 com Luciana Bueno (María) e 26, 27, 28, 29/11 com Catalina Cuervo (María). Participação de Márcio Gomes (cantor) e Rodrigo Lopez (duende/narrador).
📆 21, 22, 26, 27, 28 e 29/11, às 20h; e 23 e 24/11, às 17h.
📍 Theatro Municipal – Sala de Espetáculos.
📌 A récita do dia 24/11 tem patrocínio do Bradesco.
📌 A récita do dia 26/11 tem patrocínio da Lefosse.
🧾 Confira preço e disponibilidade de ingressos no site do Theatro Muncipal de São Paulo
Ficha técnica
María de Buenos Aires (remontagem)
Ópera de Astor Piazzolla com libreto de Horacio Ferrer.
ORQUESTRA SINFÔNICA MUNICIPAL
CORO LÍRICO MUNICIPAL
BALÉ DA CIDADE DE SÃO PAULO
Roberto Minczuk, direção musical
Érica Hindrikson, regência do Coro Lírico Municipal
Kiko Goifman, concepção e direção geral
Ronaldo Zero, direção cênica
Caetano Brenga, direção de vídeo
Adriana Vaz, figurinos
Lígia Chaim, iluminação
André Omote, design de som
Simone Batata, visagismo
Luisa Almeida, ilustradora cenográfica
Luciana Bueno, Maria (21, 22, 23, 24)
Catalina Cuervo, Maria (26, 27, 28, 29)
Márcio Gomes, cantor
Rodrigo Lopez, duende / narrador
Milagros Caliva, bandoneón
Betânia Santos, Elaine Bortolanza, Isabella Miranda e Lua Negra, atrizes performers
Adriano Bitu, Carol Rigoletto, Wallace Kyoskys e Zanza Santos, circenses
Simo Raucci e Carol di Monaco, casal de tango
Duração aproximada 85 minutos
Classificação indicativa Não recomendado para menores de 16 anos – Pode conter histórias com consumo de drogas explícito, agressão física acentuada e insinuação de sexo acentuada.
Vídeo
Fonte: Instagram do Theatro Municipal de São Paulo