Sinergia CUT repudia absurda condenação e presta total solidariedade ao jornalista Elias Aredes Junior
Escrito por Sinergia CUT 28 de janeiro de 2025
É com muita indignação que a direção do Sinergia CUT manifesta publicamente seu repúdio à condenação do jornalista Elias Aredes Junior a oito meses de detenção, em regime aberto, além do pagamento de indenização por danos morais, apenas por ter cumprido seu papel profissional na produção de uma reportagem investigativa, envolvendo a administração da Associação Atlética Ponte Preta e publicada no site Só Derbi em 2020.
A decisão é recente e acolhe parcialmente uma queixa-crime do então presidente da Ponte Preta, Sérgio Carnielli. Na sentença, a juíza Melina Alonso Scherma Locatelli, da 1ª Vara Criminal de Sumaré, ainda substitui a pena de detenção por prestação pecuniária no valor de cinco salários mínimos. Cabe recurso.
Produzida a partir de documentos fornecidos por fonte anônima e apuração de informações adicionais do jornalista, a matéria revelou fatos de interesse público e cumpriu à risca a ética profissional ao preservar a identidade de outras pessoas envolvidas, divulgando apenas as fatos necessários para compreensão do público leitor.
Mas a juíza decidiu acolher um parecer do Ministério Público que acusa o jornalista de ter conseguido o material por meio de invasão de sistema de computadores, sendo que não há nos autos prova de que isso tenha ocorrido. Não há qualquer evidência disso, e muito menos de que o jornalista tenha feito imputações pessoais desonrosas ao seu acusador.
Para a defesa de Aredes, a ação judicial contra ele força interpretações de uma reportagem que se limitou a narrar fatos apresentados pela fonte, sem quaisquer juízos de valor. A decisão ainda desconsidera a jurisprudência consolidada do Supremo Tribunal Federal (STF), que reconhece o papel essencial da imprensa na fiscalização de figuras públicas e na preservação da transparência em temas de interesse coletivo.
Para a direção do Sinergia CUT, o jornalista foi injustamente condenado apenas por cumprir com a obrigação e a ética profissionais. Mais grave é que a decisão, de primeira instância, afronta também diretamente as liberdades de imprensa e de expressão asseguradas pela Constituição Federal, que garante a livre manifestação de pensamento, o sigilo de fonte e a não submissão de jornalistas a censura ou restrições.
Portanto, a decisão é uma agressão direta às liberdades democráticas, que abre um perigoso precedente de intimidação a jornalistas profissionais e que precisa ser revertida pelas instâncias superiores com urgência para garantir que possamos continuar a construir uma sociedade justa, plural e democrática.
Sendo assim, expressamos ainda nosso total apoio e irrestrita solidariedade a Elias Aredes Junior, que atua também na imprensa sindical como jornalista e companheiro do projeto Sinergia CUT.
Campinas, 28 de janeiro de 2025
Direção do Sinergia CUT