Cultura

Peça teatral gratuita “Peneiras conta negritude” traz trajetória e reflexão do povo negro até a contemporaneidade

Espetáculo acontece nos dias 27, 28 e 29 de março no Teatro Municipal Dr. Losso Neto, em Piracicaba (SP). A distribuição dos ingressos ocorre uma hora antes da apresentação, na bilheteria do teatro

Escrito por Nice Bulhões 26 de março de 2025
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Autor da foto: Divulgação/Montagem

Da figura de Zumbi de Palmares, passando pela falsa abolição da escravatura no país, até a chegada do negro pobre nos dias atuais. São em meio a essas performances de tempo espiralar que o espetáculo teatral “Peneiras conta negritude” apresenta uma temporalidade para lançar o olhar para a chamada “minoria” e faz uma tentativa de desbanalizar situações de racismo, homofobia, desigualdade social e sonhos interrompidos.  As apresentações acontecem nos dias 27, 28 e 29 de março no Teatro Municipal Dr. Losso Neto, em Piracicaba (SP). A distribuição dos ingressos ocorre uma hora antes da apresentação, na bilheteria do teatro.

O projeto conta com recursos da Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura (PNAB), que tem como objetivo fomentar a cultura nacionalmente ao apoiar todos os Estados, o Distrito Federal e os municípios brasileiros. Ele é uma iniciativa do Coletivo Peneiras, um grupo de artistas piracicabanos, criado em 2014, que busca usar a arte como uma ferramenta para promover a mudança social, promovendo projetos culturais independentes e autênticos e que celebram a cultura afro-brasileira e suas raízes.

Foto: Divulgação

Dois atos

A peça se divide em dois atos, que representam épocas diferentes. O diretor Giovani Bruno conta, no programa da peça, que o espetáculo parte da obra ”Arena Canta Zumbi”, de Augusto Boal. “Ela busca olhar para Zumbi e outros ativistas políticos como pessoas que construíram estratégias para resistir diante dos agouros do Estado brasileiro”, diz, trecho de sua carta no programa.

E prossegue: “Com as artimanhas de batalhas como guia, exemplificadas na forja e no fogo de Ogum, nas ventanias de lansã, no machado de justiça de Xangô, nas curas de Omolu, nas águas doces de Oxum e salgadas de Yemanjá, colocamos em cena a luta dos quilombolas de Palmares e sua resistência.” A assistência de direção está a cargo de Rosângela Pereira. “A marca do Coletivo Peneiras é caracterizada por uma abordagem única que combina ancestralidade e contemporaneidade, destacando as negruras afros que permeiam nossa história e nossa identidade”, explica Rosângela, que é dirigente do Sindicato dos Bancários de Piracicaba.

No segundo ato, através do teatro de depoimento e do teatro Hip-Hop, a peça se passa nos dias atuais, onde os corpos negros e suas experiências ganham voz. “Colocamos nossa história de luta de hoje, evidenciando os horrores que perpassam a denúncia de corpos negros como alvo de racismo e do genocídio pela polícia e a branquitude.” A peça investiga diferentes possibilidades de perspectivas para lidar com a história, passando por narrativas e diálogos que se constroem e desconstroem como as possibilidades de uma encruzilhada, formando a imagem de um mosaico.

 

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