Curta-metragem “Um Artista” será exibido no MIS Campinas no dia 27 de maio
Nova produção da Metrô Filmes é uma releitura de filme de 1967 e homenageia a história do cinema campineiro, trazendo para a tela moradores da Vila Ipê ou Bairro da Conquista, região Sul da cidade
Escrito por Débora Piloni, com informações da Metrô Filmes 23 de maio de 2025
No próximo dia 27 de maio, terça-feira, às 19h30, acontece a apresentação do curta-metragem “Um Artista”, dirigido pelos irmãos Danilo Dias e Murilo Dias. A exibição será realizada na Sala Glauber Rocha, no Museu da Imagem e do Som (MIS) de Campinas. A entrada é gratuita e aberta ao público.
A produção, realizada pela Metrô Filmes, é uma releitura do filme ‘O Artista’, dirigido por Luiz Carlos Borges, em 1967 e, assim como a obra original, não possui diálogos, mas “fala alto” em seus pouco mais de 20 minutos. A narrativa é conduzida pelos pequenos movimentos, pelos olhares, pela delicadeza dos gestos e expressões, além da imobilidade. As filmagens aconteceram na Vila Ipê ou Bairro da Conquista, na região Sul de Campinas, onde vivem os cerca de 50 figurantes, entre adultos e crianças, que participaram das gravações.
“Se tivéssemos que definir em uma só palavra o que buscamos esteticamente neste filme, seria singeleza, no sentido de projetar na tela de cinema uma costura mágica dos acontecimentos ordinários, uma espécie de reverência poética ao real”, diz Danilo Dias de Freitas, que desde 2018, quando se juntou à CTAv (Câmara Temática do Audiovisual de Campinas), vem se aprofundando na história do cinema campineiro.

Divulgação/Metrô Filmes
O começo de tudo
A CTAv é um coletivo de profissionais do audiovisual, que busca promover espaços de diálogo e integração, ações para a preservação da memória e proposição de políticas públicas no segmento. Através desse mergulho na história, Danilo conheceu a obra de Luiz Carlos Ribeiro Borges, hoje respeitado advogado e escritor da cidade.
Na década de 1960, o Cineclube Universitário de Campinas (CCUC) agitou a cena cultural da cidade. “Três jovens da época, ligados à PUC-Campinas, Dayz Peixoto Fonseca, Luiz Carlos Ribeiro Borges e Rolf de Luna Fonseca, estavam à frente do movimento e foram além da clássica tradição cineclubista, que envolve exibição, debates e formação. Eles produziram três curtas-metragens, que são obras fundamentais deste período do cinema local”, explica Danilo.
Com apoio de Henrique de Oliveira Jr, importante cineasta campineiro, foram produzidos “Um Pedreiro” (Dayz, 1966), “O Artista” (Borges, 1967) e “Dez Jingles para Oswald de Andrade” (Rolf, 1972). O CUC encerrou suas atividades em 1973, mas as sementes plantadas, como se vê, seguem germinando.
A relação entre arte e política, presente no filme de Borges, foi o que mais chamou atenção de Danilo para começar a planejar sua releitura. “A ideia não era fazer uma refilmagem, por isso é importante lembrar do contexto do filme original, para entender de fato o que significa recontar essa história. No audiovisual, o movimento do Cinema Novo propunha um cinema livre das limitações do estúdio, um cinema das ruas que tivesse um contato direto com o povo e seus problemas”, comenta. E ele continua: “No filme de Borges, o artista inicialmente não tem nenhum compromisso social, até se deparar com a realidade da pobreza, que altera totalmente sua arte e o desloca para o morro, marcando uma divisão nítida entre arte erudita e arte popular”.
Entre a arte e a memória: quando a comunidade se torna protagonista
Na releitura, a separação entre a dita arte erudita e popular é tênue, porque uma se apropria da outra. A relação entre o artista e a comunidade também é outra, dentro e fora dela, já que, dentre os 06 personagens principais do filme, somente 2 são atores profissionais – os demais são também moradores locais.
A homenagem à obra de Borges se transforma, portanto, numa homenagem às memórias da comunidade — que, por meio de fotografias, cartas e outros fragmentos de recordação compartilhados na tela, constroem uma história coletiva, que é ao mesmo tempo íntima e universal.
O “Um Artista”, de Danilo Dias Freitas e Murilo Dias Freitas é resultado de projeto contemplado pelo Edital da Lei Paulo Gustavo de Campinas – audiovisual, de 2023, e realizado com patrocínio da Prefeitura Municipal de Campinas, Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, Governo Federal, Ministério da Cultura e Lei Paulo Gustavo.
O MIS Campinas fica na Rua Regente Feijó, 859, no Centro da cidade. A apresentação do curta “Um Artista” será na terça-feira, dia 27 de maio, às 19h30. Não perca!
Conheça os diretores de “Um Artista”

Arquivo/Facebook
Quem é Danilo Dias Freitas:
Danilo Dias de Freitas é graduado em Cinema (UFSC). Formou-se técnico em edição de vídeos (SENAI-Maracanã, RJ), é roteirista, montador, diretor e um dos curadores do Verve Cineclube, no MIS-Campinas. Atualmente é um dos coordenadores gerais da Câmara Temática do Audiovisual de Campinas (CTAv).

Arquivo/Facebook
Quem é Murilo Dias Freitas:
Murilo Dias de Freitas é graduado em filosofia (UNICAMP) e em Som para o Cinema e a TV pela Academia Internacional de Cinema de São Paulo (AIC-SP). Trabalha como SoundDesigner, tendo atuado em todos os filmes produzidos pela Metrô Filmes. Estreou na direção com o curta Thomaz de Tullio: Desbravador e Pioneiro.
Créditos: Conheça a Equipe por trás de “Um Artista”
- Diretor, Roteirista e Montador: DANILO DIAS DE FREITAS
- Diretor, Editor de Som e Mixagem de Som: MURILO DIAS DE FREITAS
- Produtora Executiva: FERNANDA VIANA
- Produtor: THI RIBEIRO
- Assistente de produção: CINTIA ROCHA
- Assistente de produção local: SELMA SILVA
- Diretor de Fotografia e Operador de Câmera: RICKY ARANDA
- Assistente de Fotografia: GUSTAVO OLIVEIRA BARBOSA
- Assistente de Fotografia: FSNOW
- Fotografia still: LUARA GONZALEZ
- Diretora de arte: LARA PRADO
- Assistente de arte: CRISTIANE TAGUCHI
- Técnico de som: VITOR MURICY
- Microfonista: RAFAEL IMS ROGANO
Bastidores de ‘Um Artista’: veja cenas das gravações

Fotos: Divulgação/Metrô Filmes