Devolução do ICMS na conta de luz: Sinergia CUT cobra transparência e justiça
Restituição será feita via desconto nas contas de luz
Escrito por Débora Piloni, com informações da Secretaria Geral do Sinergia CUT 28 de julho de 2025
Depois de anos de impasse, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou, no dia 22 de julho, a metodologia para a devolução dos créditos de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) cobrados indevidamente nas contas de luz por distribuidoras de energia elétrica que ganharam na Justiça o direito de excluir esse imposto da base de cálculo do PIS/Pasep e da Cofins. A devolução será feita por meio de desconto nas tarifas durante os próximos 12 meses, de forma geral para todos os consumidores dessas distribuidoras, o chamado “desconto difuso”, sem levar em conta quanto cada um pagou a mais no passado.
Embora a medida represente um avanço, o Sinergia CUT lembra que ela vem com atraso e reforça críticas feitas desde a Consulta Pública nº 005/2021. Na ocasião, o Sindicato defendeu que os valores cobrados a mais fossem devolvidos imediatamente e por completo, especialmente por causa da grave crise causada pela pandemia de Covid-19. Segundo o Sinergia, essa devolução poderia ter ajudado muitas famílias a enfrentar aquele momento difícil.
O Sindicato também destacou que essa devolução não deveria gerar prejuízos nem lucros extras para as distribuidoras. Afinal, o dinheiro a ser devolvido vem de créditos que as empresas receberam na Justiça e diz respeito a valores cobrados indevidamente da população. Ou seja, trata-se de devolver algo que nunca deveria ter sido cobrado, e não de oferecer um benefício com dinheiro público.
Desde 2021, algumas distribuidoras já vinham realizando a devolução desses créditos de forma provisória, mas sem transparência ou clareza nos critérios usados. O Sinergia CUT tem denunciado essa falta de informação e de participação social, o que dificulta saber se os consumidores estão de fato sendo ressarcidos corretamente e quanto isso representa na conta de luz.
Transparência no processo
Com a nova regulamentação, o Sindicato reforça que é importante que os valores devolvidos estejam claramente identificados nas faturas, como a própria Aneel determina. Mas isso não basta. É preciso garantir que a sociedade tenha acesso a um balanço completo: quanto foi devolvido, quem foi beneficiado e com base em que cálculos. Para isso, o Sinergia CUT defende a realização de uma audiência pública com participação social, algo que ainda não aconteceu.
O Sindicato também critica a postura do governo federal anterior, que mesmo diante da importância do tema e da urgência da situação, não se comprometeu com uma devolução justa e transparente. Na prática, ignorou os benefícios que essa medida poderia trazer para milhões de brasileiros.
Em resumo, embora a regulamentação seja um passo positivo, ela só terá efeito real se for acompanhada de fiscalização, transparência e participação popular. O Sinergia CUT continua acompanhando e cobrando que os consumidores não só recebam o que pagaram a mais, mas também sejam respeitados em todos os seus direitos.










