Sinergia CUT e demais entidades se reúnem com MME para discutir vencimento dos contratos de concessão
Encontro aconteceu na sexta-feira, 25 de abril. MME mantém canal com trabalhadores, e entidades pressionam TCU por soluções às demandas da categoria
Escrito por Débora Piloni, com informações do Coletivo de Energia do Sinergia CUT 30 de abril de 2025
No último dia 25 de abril, dirigentes do Sinergia CUT, do Sindieletro-MG e da Confederação Nacional dos Urbanitários (CNU) participaram de uma reunião com o Secretário Nacional de Energia Elétrica do Ministério de Minas e Energia (MME), Gentil de Sá. O encontro teve como pauta central o novo contrato de concessão de distribuição de energia elétrica, publicado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) por meio do Despacho nº 517/2025 em 25 de fevereiro passado. Ao todo, 19 distribuidoras têm contratos com vencimento previsto entre 2025 e 2031.
As entidades do Grupo de Trabalho (GT) que acompanham o processo destacaram a necessidade de retomar o diálogo com o MME para tratar dos pontos que ficaram de fora da minuta apresentada pela agência reguladora, além de cobrar encaminhamentos para garantir a efetividade das conquistas já incorporadas ao novo modelo.
Veja abaixo os principais pontos reivindicados pelo Sinergia CUT e demais entidades, mas ausentes no novo contrato:
- Adequação das empresas prestadoras de serviços para as concessionarias à Classificação Nacional de Atividade Econômica (CNAE) do setor de energia elétrica e gás natural. Hoje as prestadoras utilizam outros CNAEs caracterizando, na visão do sindicato, possível irregularidade no sistema de arrecadação, aumentando a precarização do trabalho. Essa situação contribui para os altos índices de acidentes no setor, com demora no atendimento de emergências e urgências que comprometam a continuidade do fornecimento de energia.
- Manutenção das garantias históricas: compromisso das concessionárias com os direitos assegurados nos editais de privatização e nos Acordos Coletivos de Trabalho.
- Recomposição do quadro próprio de trabalhadores para garantir a concessão.
- Compromisso com a transição energética justa, priorizando a modicidade tarifária e a soberania nacional.
Conquistas incluídas na minuta que exigem acompanhamento:
- Adesão das concessionárias ao conceito de Trabalho Decente estabelecido pela Organização Internacional do Trabalho (OIT).
- Uniformização da exigência de qualificação técnica de todos(as) os(as) trabalhadores(as) quadro próprio e terceiros.
- Promoção de capacitação de profissionais da área de concessão, incluindo critérios de diversidade e condições socioeconômicas.
- Estabelecer mecanismo de transparência salarial e de critérios remuneratórios para a realização de trabalho de igual valor ou no exercício da mesma função – destaque para a Lei de Igualdade Salarial entre mulheres e homens (Lei nº 14.611/23).
- Promover e implementar programas de diversidade e inclusão no ambiente de trabalho.
- Contratar serviços, materiais e equipamentos considerando oferta de fornecedores nacionais e assegurar, em caso de equivalência de ofertas com outros fornecedores, preferência a empresas constituídas sob as leis brasileiras e com sede e administração no país.
- Limitação de pagamento de dividendos e juros em caso de descumprimento ode critério de Eficiência com relação à Gestão Econômico-Financeira.
O MME informou que ainda não recebeu oficialmente o termo a ser assinado e que o conteúdo pode sofrer alterações após apreciação do Tribunal de Contas da União (TCU). No entanto, o Ministério se comprometeu a manter um canal de diálogo com as entidades sindicais para receber e encaminhar as demandas dos trabalhadores. Para os itens que foram inseridos na minuta, a proposta é de acompanhamento dessas cláusulas.
Próximos passos: o Sinergia CUT e as demais entidades sindicais articulam agora uma reunião com o TCU para cobrar agilidade no processo e buscar alternativas.
Outros temas abordados
Durante a reunião, o Sinergia CUT e as demais entidades sindicais apresentaram preocupação com a expansão das usinas eólicas no país, destacando os significativos impactos socioambientais causados por esses empreendimentos nas regiões onde são instalados. Além da ausência de uma regulamentação clara e da insuficiência de infraestrutura de transmissão, foi apontada a dificuldade de atuação sindical nessas unidades, o que tem favorecido a precarização das relações de trabalho. Em resposta, o MME informou que há um grupo no governo analisando os efeitos da instalação desses empreendimentos e as questões trabalhistas envolvidas. O Ministério também se comprometeu a intermediar o contato dos sindicatos com a Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica) para ampliar o diálogo sobre o tema.
Outro ponto discutido foi o processo de federalização da CEMIG. Os representantes dos trabalhadores alertaram o MME para o risco de iniciativas sem respaldo da população mineira diante das propostas “mirabolantes” do governo do Estado de MG. “Isso pode favorecer a apropriação indevida da estatal por oportunistas e daí a União ficaria apenas com o mico desse processo”, alertou Carlos Alberto Alves, presidente do Sinergia CUT. O MME esclareceu que, até o momento, não foi oficialmente acionado sobre a CEMIG, mas reiterou sua disposição em manter o diálogo com os sindicatos.